A cantora mineira Paula Fernandes acaba de lançar o álbum “Meus Encantos”, o sétimo trabalho de sua carreira. Nesta empreitada, a artista apresenta uma mudança em sua postura vocal: a típica ‘empostação de voz’ dá lugar a interpretações mais soltas, porém, a louvável afinação característica de sua voz permanece intacta.
O disco reúne canções novas e outras resgatadas de seu baú musical. Ao invés de beber na fonte das onomatopeias de duplo sentido ou cantar sobre baladas – com direito a coreografia de jogador de futebol famoso -, ela sabiamente escolheu lançar sua inconfundível voz aveludada em canções que tratam de amizade, amor e cotidiano. Com o apoio de uma banda entrosada, a artista uniu a sonoridade folk interiorana de Almir Sater ao country contemporâneo de nomes como Taylor Swift. Com o resultado, a estrela conseguiu deixar a música sertaneja mais próxima de seu ‘habitat natural’.
Em “Se O Coração Viajar”, ela externaliza a influência de grupos como Lady Antebellum e apresenta um ótimo exemplo de como se fazer música country/pop sem cair nas armadilhas radiofônicas descartáveis. Esta canção é indicada para ouvir quando estiver dirigindo na estrada, preferencialmente ao entardecer.
Na música “Harmonia do Amor”, a mineira recebe a ‘benção’ do cantor e compositor paraibano Zé Ramalho. Com esta parceria, Paula e Zé promovem um dueto que rompe barreiras territoriais e faz a conexão do pão de queijo com a rapadura; da roça com o sertão. Esta canção apresenta um dos momentos de ótima inspiração da poesia densa que Zé Ramalho usa para falar de amor.
Na singela “Céu Vermelho”, ela resgata o espírito campista das antigas duplas caipiras e faz o espírito sertanejo voltar à roça. Ela resgata a tradição de cantar sobre as tristezas e saudades que quem é do campo conhece bem. Já na dançante “Mineirinha Ferveu”, fruto de uma parceria com Zezé di Camargo, Paula consegue promover um verdadeiro “arrasta pé”. Esta música é uma séria candidata a ser a responsável por um dos momentos mais animados e festeiros dos próximos shows de Paula Fernandes.
“Meus Encantos” traz ainda duas faixas bônus: “Hoy Me Voy” e “Long Live”. A primeira é o registro da participação de Paula no disco acústico do colombiano Juanes, gracejo este que pode fortalecer o trabalho dela em territórios de língua latina. A segunda marca uma parceria com a norte-americana Taylor Swift, que teria rendido resultados menos artificiais caso as duas estrelas tivessem se encontrado para registrar o dueto.
Por fim e não menos importante: Paula Fernandes não é apenas ‘uma menina bonita que sabe cantar’, pois seu trabalho estabelece a conexão entre música e alma. Com o disco “Meus Encantos”, ela prova, de uma vez por todas, que a hegemonia masculina no cenário da música sertaneja não é uma barreira intransponível.
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