sexta-feira, 25 de maio de 2012

Brasil desponta em número de 'solitários' entre emergentes

Uma das principais economias do mundo emergente, o Brasil também desponta na proporção de pessoas morando sozinhas entre os países em desenvolvimento, tendência já verificada em nações ricas.

Atualmente, segundo o Censo de 2010, divulgado pelo IBGE, quase 7 milhões de lares brasileiros possuem apenas um único ocupante, número a equivalente a 12,2% do total de domicílios ou a 3,7% da população brasileira.

A taxa é maior do que a da China (7%) e a da Índia (3%), apontam dados da consultoria americana Euromonitor, que situa o Brasil com 10,3% do total de domicílios habitados por apenas uma pessoa.

A proporção é levemente inferior à do IBGE (12,2%) por diferenças metodológicas. No entanto, as duas pesquisas confirmam a tendência de aumento.

Comparado ao Censo de 2000, por exemplo, quando o número de "solitários" totalizava 4,1 milhões (ou 9,1% do total de domicílios), houve aumento de 71%. Já em relação aos dados de 1991, o crescimento é ainda maior, de 185%.

"O crescimento no número de pessoas que escolheu morar só pode ser explicado por uma série de fatores, como o aumento da expectativa de vida, que passou de 48 anos, em 1950, para 73 anos, em 2010", afirmou à BBC Brasil José Eustáquio Diniz, demógrafo do Ence-IBGE. Atualmente, a maior parte dos domicílios unipessoais no Brasil continua sendo ocupada por pessoas acima de 60 anos (38,6%).

"Mas não se pode descartar outros fatores, como independência financeira dos jovens e, sobretudo, a emancipação da mulher", acrescentou Diniz.

PODER FEMININO
No Brasil, diferentemente de outros países do mundo, o número de mulheres morando sozinhas ainda não é superior ao dos homens, mas, nos últimos anos, a diferença entre os grupos tem diminuído, apontam dados do Censo. Atualmente, elas contabilizam 3,4 milhões contra 3,6 milhões de "solitários".

Dados do Censo analisados pela BBC Brasil revelam, por exemplo, que o número de mulheres com idades de 25 a 29 anos vivendo sozinhas praticamente dobrou na última década (+85,4%), passando de 91.383 para 169.400.

"Um dos fatores que ajudam a entender esse fenômeno é o crescimento da participação feminina no mercado de trabalho. Em 2003, por exemplo, elas respondiam por 43% da população ocupada. Em 2011, elas já eram 45,4%", disse Diniz.

"Além disso, elas são mais educadas. Recentemente, as mulheres ultrapassaram os homens, pela primeira vez, em número total de doutorados", afirmou ele.

DIVÓRCIO
Outro fator preponderante para o aumento da população vivendo sozinha no Brasil foi, como em outros países do mundo, o crescimento no número de divórcios.

Segundo dados do Registro Civil em 2010, divulgado pelo IBGE, a taxa geral de divórcio atingiu naquele ano o seu maior valor, 1,8% (ou seja, 1,8 divórcios para cada 1000 pessoas de 20 anos ou mais) desde o início da série histórica em 1984. No total, foram 243.224 divórcios.

"Os estudos mostram que, ao se separarem de seus parceiros, homens e mulheres dificilmente se casam novamente, e escolhem morar sozinhos por conveniência", disse à BBC Brasil Eric Klinenberg, professor de sociologia da Universidade de Nova York (NYU), nos Estados Unidos.

Em 2010, por exemplo, o número de homens entre 50 e 54 anos morando sozinho era de 355.962 e o de mulheres, 288.988, altas de 106,8% e 93,5% em relação a 2000.


IMPACTO
O mercado imobiliário brasileiro foi um dos que sentiu o efeito dessa transição demográfica. Com mais pessoas morando sozinhas, o número de apartamentos de 1 dormitório explodiu.


Em São Paulo, de acordo com dados do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), foram lançados 6.577 novos apartamentos de 1 dormitório na cidade de São Paulo em 2011, contra apenas 1,141 em 2004, um aumento de 476%.

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