segunda-feira, 21 de maio de 2012

Crise põe em dúvida futuro político de Cabral

A dificuldade do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), em reagir ao caso Carlinhos Cachoeira com algo além de notas oficiais, respostas curtas ou simplesmente o silêncio gera dúvidas sobre o futuro político do governador. Políticos se questionam sobre a capacidade de Cabral influir nas eleições de outubro e mesmo de fazer de seu vice, Luiz Fernando Pezão, seu sucessor em 2014.
Há cerca de 10 dias, em sua primeira declaração após a divulgação de imagens de suas viagens aos exterior com o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta - acusada de ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira -, Cabral respondera a poucas perguntas de forma vaga e saíra com rapidez. Até então, se manifestara por escrito.
Dirigentes do PMDB ouvidos pelo Estado reconhecem que Cabral sofreu desgaste pessoal com o episódio. Segundo os peemedebistas, o caso gerou, apenas na capital, uma perda de avaliação positiva entre 300 mil a 400 mil eleitores. O estrago, porém, teria sido maior na classe média da capital. 'Na classe média mais informada, certamente teve um impacto, hoje somos um País de classe média', avalia o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social.
Até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um aliado e amigo a quem Cabral deve o pacote de obras de seus governos, parece convencido do enfraquecimento político do governador - e o demonstrou em conversa recente com o prefeito Eduardo Paes (PMDB).
Segundo testemunhas, na entrega de títulos de doutor honoris causa ao ex-presidente, Paes e Lula conversavam quando o senador Lindbergh Farias (PT), potencial candidato ao governo do Rio, passou pelos dois. 'Vai dar trabalho em 2014', disse Paes, apontando para o senador. Lula concordou e acrescentou: 'É, mas o Pezão está superado'.
O PMDB, contudo, aposta na boa avaliação de Paes na capital (estável em cerca de 50%) e na proximidade de inaugurações de obras para tentar obter um bom resultado na eleição de outubro. Já a capacidade de Cabral de eleger seu sucessor, avaliam os peemedebistas, dependerá muito mais desse resultado que da repercussão do caso Cachoeira.
Decepção. O governador foi arrastado para o escândalo por sua amizade com Cavendish. Até agora, não apareceu nenhuma evidência de um possível envolvimento seu com Cachoeira, mas a empresa do amigo empresário somou contratos de R$ 1,49 bilhão em obras com o Estado.
Pessoas próximas ao governador dizem que ele se mostra decepcionado com Cavendish. Essas pessoas descrevem um Cabral acabrunhado e contrariado com ataques que considera pessoais. É o caso das críticas do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), em seu blog, onde as imagens de Cabral com Cavendish foram divulgadas primeiro.
Na semana passada, a CPI do Cachoeira evitou convocar Cabral e outros governadores para depor. Mas uma mensagem enviada pelo deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) para Cabral, garantindo que ele não seria chamado, revelada pelo SBT, gerou mais exposição e desgaste. 'A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe você é nosso e nós somos teu (sic)', escreveu o parlamentar, no torpedo enviado pelo celular e que foi parar na mídia.

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