domingo, 6 de maio de 2012

Comandante diz que vai ouvir PM que borrifou spray de pimenta nos olhos de cão.


Policial aplica spray de pimenta em cão, na Rocinha
Foto: Domingos Peixoto / O Globo
Policial aplica spray de pimenta em cão, na RocinhaDOMINGOS PEIXOTO / O GLOBO
RIO - O comandante do patrulhamento da Rocinha, major Edson Santos, disse que vai ouvir o policial militar que lançou spray de pimenta nos olhos de um cão em uma rua da comunidade na manhã deste domingo. Ele disse que quer saber se o cachorro estava a ponto de mordê-lo. 

Segundo o major, o policial pode ter lançado o spray, que é uma arma não letal, para não machucar o animal. O patrulhamento na comunidade foi intensificado, após o confronto entre policiais militares e traficantes, ocorrido na madrugada deste domingo, que resultou em um suspeito baleado.

A equipe do GLOBO flagrou o policial militar borrifando spray de pimenta no cão nas proximidades da Via Ápia. A fotografia, publicada no site e replicada nas redes sociais, foi compartilhada mais de 5 mil vezes no Facebook, com mais de 1.800 comentários. No Twitter, centenas de internautas compartilharam a foto.


Confronto com homens armados com fuzis
Segundo policiais que faziam patrulhamento no local, por volta das 5h, a equipe vinha descendo a Rua 2 quando encontrou quatro homens armados com fuzis subindo a favela. Houve confronto e os homens fugiram. De acordo com a polícia, Rafael Monteiro da Silva, o Canguru, de 22 anos, foi baleado no braço esquerdo, e encontrado dentro de um barraco, depois de deixar um rastro de sangue. Ele ainda tentou escapar, mas foi capturado pelo policiais. Rafael foi levado para o hospital Miguel Couto, na Gávea, onde está internado sob custódia. Os policiais apreenderam uma pistola .40 com o traficante. Na noite de sexta para sábado, policiais que faziam patrulhamento na comunidade prenderam, no Largo do Boiadeiro, Fábio Barros de Oliveira, irmão do líder comunitário Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão, assassinado na comunidade em 26 de março. Contra Fábio havia três mandados de prisão por tráfico. Segundo a polícia ele era um dos braços-direitos do traficante Antonio Bonfim Lopes, o Nem, na venda de ecstasy. Ainda de acordo com a polícia, quando Fábio foi preso, moradores tentaram fazer uma manifestação no local e chegaram a gritar oferecendo R$ 50 mil para que ele não fosse preso. Fábio foi levado para a 14ª DP (Leblon).

Feijão, que presidia uma das quatro associações de moradores da Rocinha, foi executado pelas costas com três tiros de pistola. Um dia depois da morte do líder comunitário, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, ao visitar o Complexo do Alemão, afirmou que iria aumentar o número de policiais na Rocinha. Thiago Martins Cafieiro, o FM, e um homem conhecido pelo apelido de Vasquinho foram identificados por moradores como autores do crime. A dupla teve a prisão temporária pedida à Justiça e Thiago foi capturado no último dia 12.

A polícia segue duas linhas de investigação: uma delas seria a de que o traficante Inácio Castro e Silva, Canelão, teria ordenado a execução. Há a suspeita também de que Feijão tenha sido morto a mando da quadrilha de Nem, por desviar dinheiro da organização criminosa. Feijão, que era presidente da Associação de Moradores do Bairro Barcelos, respondia a processo na 38ª Vara Criminal, acusado de criar empresas para lavar dinheiro do tráfico.

Mortes e guerra pelo controle da favela
Ocupada por forças policiais desde 13 de novembro para a instalação de uma UPP, a Rocinha vem registrando dificuldades no seu processo de pacificação. No dia 3 deste abril, após o registro de oito assassinatos, a PM implementou o policiamento a pé na favela, principalmente em becos e vielas, em vez de ficar apenas nos principais acessos. Um dos objetivos foi tentar impedir a disputa territorial entre duas facções de traficantes, que se intensificou a partir de janeiro.

Na madrugada do dia seguinte, 4 de abril, o cabo Rodrigo Alves, de 33 anos, do Batalhão de Choque, foi morto com um tiro. O PM foi baleado ao abordar um suspeito no Beco 99. Foi o primeiro policial morto em áreas ocupadas dentro do programa de pacificação.

No dia 8 de abril, uma briga entre dois moradores da Rocinha terminou em morte. De acordo com a Polícia Militar, um homem foi assassinado dentro de casa, no Largo do Boiadeiro, com pauladas na cabeça. O suspeito de cometer o crime foi preso na hora por homens do 23º BPM (Leblon) e levado para a Divisão de Homicídios.

Um dos episódios mais violentos registrados na Rocinha já ocupada aconteceu na madrugada de 19 de março, quando três homens foram encontrados mortos a tiros. Um quarto homem baleado, levado para o hospital, morreu dias depois. Segundo a PM, uma briga entre traficantes estaria na origem dos assassinatos.

No dia 18 de abril, um confronto entre policiais e bandidos na Rocinha resultou no primeiro auto de resistência após a ocupação. Hugo Leonardo dos Santos, de 33 anos, levou um tiro no tórax ao enfrentar PMs do Batalhão de Choque. Ele chegou a ser levado para o Hospital Miguel Couto, na Gávea, mas não resistiu aos ferimentos. Hugo tem passagem na polícia por furto, segundo a 15ª DP (na Gávea), onde o caso foi registrado.

A troca de tiros ocorreu por volta das 16h no Beco 99 — o mesmo lugar onde foi morto o cabo Rodrigo Alves Cavalcante. Policiais do Batalhão de Choque contaram que faziam um patrulhamento na área quando se depararam com um grupo de suspeitos. Ao verem os PMs, eles teriam iniciado o tiroteio. Hugo teria sacado um revólver calibre 38 e disparado contra os policiais.

Fonte: O Globo.

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